A morte glorificará

Não é a falta física, nem as promessas não cumpridas. É muito mais que isso tudo, uma soma muito maior que as partes. Não é vazio, não é o sentimento de culpa. Está bem longe de ser uma coisa que você conseguirá se habituar. Quase nunca avisa e por mais iminente que possa parecer, na hora do acontecimento tudo parece fora de foco e distante de qualquer realidade. Seja natural, provocada ou induzida nós nunca estaremos isentos de sofrimento perante sua ocorrência.

É a única certeza que existe na sua vida inteira e é justamente o fim da mesma. Intolerante, insatisfatória, irrelevante nas horas felizes e plausível nos piores momentos, mas em todos os casos é irreversível. Ninguém voltou para dizer como era, não temos pistas ou indícios de como é ou o que acontece. Se é que alguma coisa acontecerá. É o ponto final e também são as reticências.

Mas alguns nunca morrerão. Suas ideias ganharão vida na cabeça de outras pessoas. Construíram do jeito que podiam um mundo melhor. Fizeram sua parte e mais um pouco. Deixaram um legado que continuará enquanto houver humanidade. Semearam palavras que hoje crescem para serem as soluções dos problemas.

Sua história é muito mais valorizada depois que seu coração para de bater. A sensação de "é só isso mesmo?" fará que sua trajetória se torne mais viva depois da sua morte. Teu trabalho, tua poesia e tua essência sobressaltará qualquer dor, qualquer desavença e te deixará  um pouco melhor do que era quando vivo. Vasculharão melhor cada obra sua, procurando novos detalhes para acrescentar à sua identidade.

Essa atitude parece ingratidão para quem está vivo. Mas isso é um incentivo. Primeiro corra atrás do mérito que deseja e não descanse para ouvir elogios. Provavelmente eles só virão quando você estiver incapaz de ouvi-los. Parece injusto, mas é onde está a beleza. Em não saber o que dirão, é o melhor jeito de dizer 'eu me garanto' para o mundo. Mas antes de pensar em como pensarão de você, produza alguma coisa para pensarem.

Peças de revolução

Mudar o mundo não será fácil. Melhorar as condições humanas não acontecerá do dia para a noite. Aprimorar nossos hábitos é uma tarefa complicada e exige paciência. Viver de forma harmoniosa com tudo e com todos é o grande objetivo da nossa existência. Poderíamos começar a parar de se preocupar em quem resolverá os grandes problemas sociais e começar a resolver os nossos pequenos problemas pessoais. Aqueles pequenos costumes que te impedem de fazer algo que tu sempre sonhou e que talvez te impeçam de ser feliz.

Destruir um hábito que te destrói não é fácil, mas também não é impossível. Se encaixa naquela lista de coisas que vale a pena se esforçar pra fazer. Deixar uma condição pra assumir outra é natural do ser humano, e me entristece muito ouvir pessoas dizendo que não é capaz de fazer alguma coisa que alguém já fez. Se tu realmente quisesse, você faria algo a mais pra conseguir. A incapacidade mental de algumas pessoas simplesmente as puxam pra trás.

A capacidade humana de mudar, de transformar-se e passar por cima de barreiras para poder chegar onde lhe é desejado é algo que me surpreende bastante. Mas volta e meia eu fico decepcionado em ver pessoas que ignoram essa capacidade, que se põem pra baixo para poder justificar sua falta de vontade. É a necessidade de se esconder atrás de uma desculpa para não fazer.

Já pensou que louco se todo mundo desistisse nas primeiras tentativas ou diante de qualquer obstáculo? Não haveria nada de novo nunca! Sem esforço não se cria nada de novo, não se muda nada e o pior, perde-se um pouco do sentido de viver. Você só reproduzirá o que os outros fizeram, nunca terá uma importância autêntica. Tudo será resumido em fazer igual e, consequentemente, ninguém sequer lembrará que você esteve ali.

Um livro começa na imaginação do autor e termina na força de vontade do mesmo. Acreditar que uma força interna lhe tornará capaz é quase que essencial da natureza humana. Improvisar, desenvolver, inovar e se superar são talentos inerentes humanos. Nunca subestime a capacidade de ninguém, muito menos a sua. Se só você sabe do que você é capaz, então saiba que algo só é impossível até alguém conseguir. E quem conseguir será herói. Seja herói.

Corre ou para

Hoje eu percebi que existem pessoas correndo incansavelmente. Cada uma já havia escolhido seu caminho e pareciam que não descansariam até que seu destino seja alcançado. Quase não olhavam para trás, quase não se importavam com suas condições pessoais. Chegar lá era a única coisa que movia elas. Era incrível como ninguém, nem mesmo as próprias, poderia fazê-las mudar de ideia. Era uma corrida no escuro, difícil, precisaria de paciência e muita força para que chegassem lá. Mas essas informações elas esqueciam e continuavam correndo, cada uma no seu caminho. Cada gota de suor que caia se tornava um combustível mentalmente inflamável para as pessoas, e elas não paravam de jeito nenhum! Eu não conheço mais nada sobre elas, mas vi que essas pessoas seriam capazes de tudo pra fazer o que quisessem fazer. Olhei diretamente nos olhos de algumas delas, percebi lá uma sensação de auto aprovação da parte delas, como se elas soubessem cegamente que tudo o que estão fazendo é o mais correto e inquestionável possível. Ignorar boa parte da sua realidade e só olhar o que queriam enxergar era boa parte do que as mantém concentradas na corrida. Aquela bolha que as cercava impedia que muita coisa ruim do lado de fora as atingisse.

Percebi também que existem pessoas paradas, completamente inertes. Elas tem objetivos grandiosos para suas vidas, mas tem algo que desacelera elas e as fazem praticamente parar. São tão capazes como as outras, são tão boas quanto as outras. Mas ao decorrer de suas vidas, perderam aquela bolha que as protegiam da dura realidade do mundo. Elas vêem tudo de maneira árida, seca. Como se não existisse nenhum filtro, toda informação que chagava era imediatamente processada pelo cérebro. Todo isso acarretava que elas perdiam a vontade de correr. Toda aquela triste realidade as deixavam tristes também. Não queriam ser iguais aquelas que corriam o tempo todo sem olhar pro lado, não fazia sentido tanta disposição pra alguns e tanta falta de coragem ou mesmo de força pra outros. Em cada passo que elas davam, pensavam que estariam tirando os passos dos outros, era como abate em animais da mesma espécie. Então resolveram parar, simplesmente deixar de correr como os outros. Acharam outros meios, cada um conforme suas necessidades.

Não consigo julgar qual dos dois tipos de pessoas estão certas. Não consigo me imaginar progredindo enquanto pessoas sofrem do meu lado. Mas também não quero ficar pra sofrer junto. Será que cabe mesmo a nós decidir que tipo de vida queremos? Ou seremos moldados por quem conseguir nos moldar primeiro? Seremos mesmo capazes de cuidar e guiar nossas vidas sozinhos? Ou sempre precisaremos de alguém pra nos dizer o que fazer? Você é realmente feliz? Não superficialmente, mas de maneira geral. Com tudo o que tu sabe, você consegue ser feliz?

Ta aí, você tem muitas perguntas pra responder durante a sua vida.

Viva a humanidade

Quem sempre provocou e manteve o preconceito hoje se diz vítima do mesmo. Os opressores, agora que não podem mais oprimir, se consideram os injustiçados da vez. Inventam discursos bonitos e bem falaciosos para defender seu preconceito contra os outros ou distorcem a realidade para se encaixarem como oprimidos.

O hábito de oprimir foi vetado e essas pessoas acham isso um absurdo. Elas agora tem que respeitar as diferenças, não há mais ninguém capaz de protege-las enquanto continuar espalhando sua discórdia e preconceito mundo afora. Se sentem tão incapazes de falar as suas besteiras que chega uma hora que elas explodem de raiva.

Então elas resolvem se reunir com semelhantes. Fazem protestos. Tentam chamar a atenção à causa delas.

Mas que causa é essa, afinal?
NENHUMA!

Não há motivo lógico pra alguém organizar um grupo de protesto se eles não tem nada para que protestar! Esses movimentos não procuram aprovação da sociedade, respeito ou compreensão. Eles só querem confrontar outros grupos. É um ataque direto às pessoas que hoje buscam seus direitos, que querem seu espaço na sociedade.

Tem muita gente que lutou muito pra chegar até onde está hoje. E essa luta da vida só foi dificultada por alguma característica própria delas. Seja qual for o elemento que difere umas das outras, todo mundo merece o mesmo respeito, a mesma liberdade de expressão e opinião.

O que esses grupos sem propósito nobre realmente querem é só tirar o direito dos outros, que demoram tanto tempo pra conseguir. Essas maiorias falsamente oprimidas nunca sofreram nenhum tipo de descriminação ou preconceito. Tirando as lutas diárias de cada um, provavelmente nenhuma dessas pessoas sofreu por nenhum outro fator.

Roteiro, prioridades e demônios

Existe um novo filme nos cinemas da cidade. Todos os moradores se mobilizaram pra assistir aquela grande estréia na sua região. E se fosse a sua vida fosse naquele filme? Tendo você como personagem principal e sua história como roteiro, você gostaria de assistí-lo? Não incluindo as invasões de privacidade e desconsiderando qualquer menção à você.

Mas você sabe que aquela é sua história e que as pessoas o julgariam diretamente através do personagem e de suas escolhas. Pode parecer seu pior pesadelo, todo mundo talvez odiando quem tem exatamente como você as mesmas prioridades, necessidades, desejos e ideias. Talvez depois do filme queiram te apedrejar em praça pública. Ou seu maior sonho pode acontecer e a população daquela região passar a te idolatrar como um deus pagão aos domingos.

A diferença entre um destino ou outro é exatamente o que você escolheu pra ti desde o início. Se você errou e aprendeu, pontos pra você. Se insistiu no erro, se anunciou incapaz. Consegue entender?

Não faça de você mesmo o demônio de outros. Procure te melhorar como pessoa, não deixe que a preguiça, a procrastinação e os pensamentos negativos te impeçam de fazer mais e melhor pro seu dia-a-dia. Tente ser o melhor mocinho possível pro filme da sua vida. Pode ser do jeito que você quiser, mas seja bom e exemplar de alguma forma, qualquer forma. O roteiro não para para ser reescrito, você tem que contornar todo erro no improviso e continuar sem sair de cena.